sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Sexualidade no Mundo Árabe

Raramente a mídia árabe abordava assuntos relacionados ao sexo e à religião, muitas vezes considerados tabus especialmente pelas mídias estatais,

Maioria no mundo árabe, muito distantes dos assuntos de interesse das sociedades.

Com a proliferação dos meios de comunicação privados, começaram a surgir iniciativas que abordam tais temas entre outros relacionados à vida política e social, gerando inclusive mudança no comportamento de algumas mídias estatais.

A TV Síria estatal, por exemplo, tem mostrado clara tendência em renovar estratégias de comunicação adotadas por muitas décadas, ao lançar programas que discutem questões como os da sexualidade e da educação sexual, permitindo a participação de especialistas, professores universitários e até mesmo homens, mulheres e jovens no debate sobre a inclusão da educação sexual nas matérias escolares.



Este tipo de iniciativa tem um papel importante abrindo caminho aos jornalistas e acadêmicos na discussão desses temas. Mas o foco de todos os meios de comunicação, públicos e privados, na política distanciou novamente as chances de abordar e debater a sexualidade, a não ser quando usada como atrativo, ao modo ocidental, para aumentar as audiências sem a devida seriedade que o assunto merece.

No entanto com a proliferação dos meios de comunicação eletrônicos, web sites, e especialmente os fóruns de internet, surge o real debate e iniciativas que tratam dos tabus com seriedade. Numa destas discussões o Dr. Naim Hilana, especialista no assunto, defende que “a falta de educação sexual no sentido abrangente leva a uma série de doenças psicológicas, e reflete negativamente em todas as práticas da comunidade e do indivíduo, permitindo a prevalência do estupro e da prostituição, levando à frustração e interferindo nas relações conjugais”.



Para a jovem Hilana “o conceito de educação sexual deve incluir o estudo dos sentidos e emoções ao lado do estudo do corpo humano, a fim de estudar o sistema reprodutivo... As escolas nos países árabes omitem conhecimentos aos estudantes sobre conceitos abrangentes do sexo”.

A Sra. Nidal al-Kudari debate dizendo “a educação sexual não deve se tornar apenas uma matéria que faz parte do estudo do aluno, mas é uma cultura de vida, Indo além do processo educativo, envolvendo a composição da sociedade e de seu comportamento no que diz respeito aos sexos, para que esse assunto não pertença apenas ao sexo masculino”.

Para Rahaf Al-Muhanna “a mídia árabe tem publicado falsas noções de coisas muito sensíveis como o conceito de sexo, salientando que a atual geração criou conceitos errôneos sobre o sexo, muito distantes da sua realidade, já que eles se baseiam apenas na televisão, nos canais pornográficos e nas canções de baixo nível”.



SALÃO DE FRANKFURT: Árabe com Flores, de Herbert List, foi tirada
em 1935 fase em que a fotografia passa
a explorar novos ângulos.
(Foto: Hebert List Bequest, Hamburg
and Münchner Stadtmuseum)

A advogada Maysaa Helewa, acredita “na necessidade da educação sexual para crianças, especialmente, antes da puberdade, para reduzir o risco de gravidez de adolescentes e os riscos do casamento precoce”. Ela ainda disse, que “o objetivo da educação sexual é o de ensinar às crianças a respeitar o seu corpo e preservá-lo, porque quem respeita o próprio corpo também o valoriza”. Atribuindo um valor importante aos Ministérios da Educação como arma de luta contra os canais pornográficos, afim de proteger os adolescentes da exposição a situações perigosas, como o estupro, homossexualismo e gravidez extraconjugal.

A jovem Darren confidenciou que “as relações em sociedades orientais são superficiais e cheias de suspeitas, porque elas se baseiam na idéia de que o homem “macho” é predador das mulheres "fêmeas". E se as mulheres perderem a virgindade passam a ter pouco valor e a não existir mais na sociedade, como se sua existência dependesse de uma única parte de seu corpo”.

Outros debatedores, acreditam que apesar das criticas ferozes à forma atual do comportamento e da educação sexual, é importante a consciência de que com alguns valores sociais e “tabus” sexuais, há benefícios importantes no mundo árabe, como o baixo índice de doenças sexualmente transmissíveis e baixo nível de natalidade extraconjugal, se comparados aos países ocidentais com liberdade sexual.



É essencial a discussão destes temas permitindo a diversidade e a liberdade de opinião ao lado da defesa dos direitos das mulheres, pois a globalização e a facilidade de transmissão de informação trouxeram, ao lado dos benefícios, diversos pontos negativos, como a exposição a outras culturas com valores muito diferentes que visam atrair audiências e lucros cada vez maiores, com o uso indiscriminado do sexo, e da imagem que não faz jus à mulher.

Por isso é importante que os debates sejam tratados de forma séria e cientifica, levando em consideração o estudo do comportamento social e seus valores culturais ao lado do impacto da religião nos mesmos, procurando conceitos que se adéqüem a estes fatores sem importar soluções prontas de outras regiões que podem danificar seriamente importantes valores na sociedade árabe.

Fonte:Arabesq
Fotos capturadas da Internet.

Extraído do site da Revista Eletrônica Transatlântica Brasil Portugal Atrevida-X
Acesse: www.atrevidax.com

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